O Despertar
O Despertar Acorda, Elza Maria. Lá fora faz um frio como há muito não sentíamos... Há casacões e boinas enfeitando as moças nas ruas. Chocolate quente é toda hora pedido nas casas de lanche. O clima propicia encontros amorosos, aconchegantes. Elza Maria, levanta dessa cama. Tudo é transitório. Reage. Essas dores passam, as cicatrizes tornam-se tênues. Não penses que é o fim. É uma etapa. Já viveste tantas lutas e talvez mais difíceis. Por que essa intransigência agora? Por que dizes não? Hoje fiz teus curativos e observei melhoras. A febre se foi... restou esse cansaço, bem sei. Trouxe um ramo de flores que deixei na sala e um tercinho, lembrança de bisa quando eu ainda era criança. Coloquei na mesinha ao lado da tua cama. Olha e vê como ainda parece novinho. Há olhos te espreitando. Olhos de amor, que te chamam para a vida! Priscilla logo chega e com ela tua estréia como avó. Acorda logo, Elza Maria. Sem ti estamos tão sós, a vida é tão sem graça... Sequer coloquei o mantô que comprei em Manhattan. Achei um desaforo fazer isso sem estares por perto. Sairemos juntas, em alto estilo. Coloca aquele comprado em Paris. Acorda. Antes que venha o sol. belvedere
Enviado por belvedere em 16/09/2005
Alterado em 23/07/2015 |