Eu comigo
Eu comigo
Belvedere Bruno Cheguei à conclusão de que, quando se deseja mudar, a coisa acontece. Não há necessidade de alardes, promessas, rezas ou conversões religiosas. Comportamentos vão aos poucos se transformando. O que era essencial, deixa de ser. A percepção acerca de fatos e pessoas se modifica. Sentimentos antes negligenciados vão adquirindo força, até que tomamos consciência de que mudamos. É um renascer. No entanto, isso implica profundas mudanças no plano emocional, social e afetivo. Não é um processo fácil, nem acontece a curto prazo. Por que estou falando sobre isso? Bem, há algum tempo venho mudando o meu modus vivendi. Percebendo ao meu redor um universo mais centrado no individualismo, senti-me, por um certo período, em profundo sofrimento, tal qual um peixe fora d'água, devido ao meu espírito universalista . O que poderia fazer nesse sentido a não ser afastar-me e repensar todos os aspectos de meu viver? Aqueles que me cercavam não supriam minha necessidade de afeto, troca ou generosidade. Gestos efusivos de te amo, te adoro, me soavam ensaiados. Uma sofrida sensação de déjà vu me acometia. Sim, custei a perceber tudo aquilo, imersa no vazio festivo que sempre existira . Sem perceber, ou talvez, sem querer admitir, vivia num mundo de fantasia. E, através dessa constatação, meus focos foram se diversificando. Já não procurava quem, durante tanto tempo, teve a amizade e desleixou. Deixei de abrir meu coração a quem me ouvia com olhos em outros cantos e não esperava respostas de quem sempre fora omisso emocionalmente. Passei a viver em mansidão. Não mais me agradavam os grandes eventos, as festas em cintilâncias, mas sim o encontro com amigos. Um café, um licorzinho, um telefonema, uma reunião íntima para dizer poesias, uma viagem para descobrir coisas. Tudo isso para mim era vida! Se estou feliz? Muito. Durante esse período, encontrei pessoas que me fizeram sentir o aconchego, vivenciar a plenitude da simplicidade, deliciar-me com as aquarelas presentes a cada esquina, emocionar-me com melodias que já havia esquecido. Tive momentos de profundos questionamentos, mas, agora, ciente do que é prioritário em minha existência e do que não mais necessito, ou, na verdade, nunca necessitei, agradeço a todos que comigo participaram dessa jornada. Impossível citar nomes. São poucos, mas fortes e, para mim, se eternizaram. Quanto ao que passou, sinceramente, não sinto o mínimo desejo de olhar para trás.
belvedere
Enviado por belvedere em 28/06/2013
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