Belvedere Bruno: Um debut literário regado a Vinho branco
Belvedere Bruno: Um debut literário regado a Vinho branco Roberto S. Kahlmeyer-Mertens A mesa foi posta com ansiosa antecedência, a luz baixa das velas e as rosas vermelhas dão um toque de classe ao ambiente e favorecem a proximidade. A garrafa escolhida a dedo já foi para o balde com gelo, mas a atmosfera só se instaurará depois de um brinde. Quem levanta a taça desta vez é Belvedere Bruno, escritora que com Vinho branco, safra especial de contos e crônicas (Livro pronto, 2010) estreia em nossa cena literária. A obra – cuja principal virtude é a heterogeneidade – traz contos e crônicas em uma disposição artesanal de temas que compõe um cenário repleto de graça (de modo a lembrar copos de cristal com decoração variada numa mesma bandeja). A simplicidade, que faz do livro um trabalho muito verdadeiro e sincero, não prescindiu ali da ousadia. Nossa novel-escritora abre o livro de uma maneira inusitada, causando um impacto estético que precisa ser conferido, mas, sobre isso, a única pista que daremos é a indicação de que a autora sabe que certa dose de suspense (à Poe) bem pode amplificar o deleite da leitura por vir. Um alerta: não se deixem seduzir pelos títulos, muitos deles são pistas falsas, e onde se espera “Uma mulher, infinitas escolhas”, será possível encontrar a crueza do confronto entre a fealdade humana e a esperança que a vida teima em cultivar; quem vai à procura da prosa intimista e sensualista prometida em “Beleza e sedução” e “Vinho branco” (que nomeia e justifica o título do livro) talvez se depare com uma reflexão existencial, mais sentida do que teorizada; por outro lado, quem julga dever evitar uma crônica com o título embaraçante de “A bengala”, pode estar perdendo a singela ficção que retrata o cotidiano de mãe e filha. No mais, afetos tempestuosos se ocultam por trás de títulos como “O homem e as flores” e “Metamorfose”. Deste último, registremos aqui uma pequena prévia (uma isca, se assim quiserem): “Aquele silêncio, só quebrado em situações especiais, trazia, enfim, a convicção de que se relacionava com um monólogo. Sabia sobre a existência de silêncios enriquecedores, com mais significados que palavras, porém não era o caso. Procurara avidamente motivações que a convencessem a continuar protagonista naquele enredo”. Apesar das indiscrições feitas aqui, por mim, as 119 páginas de prosa que integram o livro ainda constituem inesgotável reserva de surpresas ao leitor. É uma festa o livro que a autora nos preparou. Nele há o espaço para o flerte sutil com a linguagem, e experiências estéticas que espocam de cada página como fogos de artifício em um parque! Influências?! Só de longe... em traços não muito nítidos: Artur da Távola ou seria Fernando Sabino? Dalton Trevisan?... Difícil precisar. Há ali um estilo próprio em formação que deverá se consolidar nas próximas obras que certamente virão. – Belles Lettres, Belvedere! – No sorriso franco de seu livro, mais que um convite, uma promessa literária. Nota do lançamento: Vinho branco, safra especial de contos e crônicas, de Belvedere Bruno, terá sua noite de autógrafos no dia 9 de junho, quarta-feira, a partir das 19,30h., no Clube Central, Av. Jorn. Alberto Torres, n° 335, Praia de Icaraí, Niterói. Da Academia Brasileira de Literatura – ABDL. belvedere
Enviado por belvedere em 16/06/2010
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