- Vou te dar uma bengala no Dia das Mães. - O quê? Não uso. Prefiro nem sair de casa. O diálogo antecedia em dez dias o Dia das Mães . - Com a bengala você não precisa sair se segurando nas pessoas, nem nas paredes. Bengala não é indignidade; é apoio, segurança. - Não aceito, e chega! - Olha só como você fica se apoiando nas cadeiras . Em pleno restaurante! Que vergonha! Se estivesse com uma bengala bonita, seria puro charme, mas fica com esse orgulho metido a besta... - Cala essa boca, senão nem vou almoçar. Volto pra casa, faço um arroz e frito um ovo. Pára de me encher a paciência com esse troço de bengala! E a bengala foi comprada lá no Shopping. No Dia das Mães saindo para o almoço num restaurante: - Que bem-estar a bengala me traz. Tô saindo tranqüila, sem medo nenhum. E só treinei dois dias! - Eu não disse? Só continue tendo cuidado com os buracos das calçadas. À tarde, se preparando para visitar uma amiga no mesmo edifício onde mora, pega a bengala e se encaminha para a porta. - Pra que bengala? - É mesmo. Nem vou sair, né? Na sala de jantar, entre vasos de cristais, candelabros, cristaleiras antigas, ao lado de um grande vaso de flores, está ela, enfeitando o ambiente em suas horas vagas. belvedere
Enviado por belvedere em 17/05/2006
Alterado em 22/02/2007 |